quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Poeta ambulante


Bom dia, senhoras e senhores! Eu poderia estar roubando, eu poderia estar matando. Mas estou aqui declamando, recitando... Hoje, trago aqui, dois ou três poemas em minha mão. Mas que não estão em promoção. E também não virou o caminhão! Aí fora, estão cobrando cerca de 20 ou 30 aplausos por poema. Eu ofereço dois poemas por apenas 15 aplausos. E se você levar mais um, eu aplaudo você. Alguém aí vai querer? Quem mais, quem mais? Olha que está acabando! Poesia está em extinção. Gente, poesia não se acha em qualquer esquina! To indo, hein! Mais alguém?


Aos que compraram, meu muito obrigado! Aos que não puderam, agradeço da mesma forma!



Eu sou um poema ambulante. E me orgulho disto!

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

O escritor, a caneta e o papel



A mão do escritor se aproxima da caneta. A caneta olha pra ele e diz:
- O que você quer comigo?
- Apenas escrever em folhas de papel.
- Mas eu preciso saber o que será escrito, pois eu posso falhar.
O escritor para e pensa. Olha vagarosamente para o papel e pergunta:

- O que você quer que eu escreva?
O papel, mesmo branco e pálido de temor, responde:
- Palavras que não precisem ser apagadas. Frases que não necessitem ser esquecidas e histórias que jamais sejam perdidas.

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

FAVELA





FAVELA

 As ruas, antes feitas de barro
Os pés dos meninos chutavam a bola
A mãe gritava: Menino, cuidado com o carro!
E outros, voltavam da escola
As pipas no céu coloriam os dias
Peões giravam, enquanto meninas pulavam
A pobreza esquecida nas alegrias
Adolescentes nas esquinas, cantavam
Um som abrupto rasga a noite
Silêncio e medo dominam o terreno
E no sereno noturno, o cheiro do sangue
É o fim da vida daquele pequeno
A aquarela de tinta vermelha
Descoloriu a vida daquela favela